O sujeito crítico que preza por sua autonomia, pondo sempre em prioridade a sanidade de sua própria mente emancipada e livre, tem hoje, infinitas razões, até onde se alcança as influências da mídia mercadológica e outros mecanismos usados de forma cancerígena, para se considerar possuidor de uma consciência que contrasta com tanto infantilismo.
Grandes ideologias morreram, corromperam-se e perderam estatura; hoje, fazem parte de um passado frustrado. As mesmas apenas são ressuscitadas, aqui ou acolá, com a finalidade egoísta de se incluir em algo maior, uma busca vazia por identidade, ou simplesmente, com interesses obscuros de vendas de produtos. Na grande maioria, a juventude presencia e convive com uma nova mentalidad
e; novos conceitos (fulminantes e instantâneos) ditam que comportamentos e atitudes devem ser tomados em ocasiões diversas, para galgarmos o status de socialmente “apreciáveis”; quais as medidas pessoais deveram ser seguidas para guiar-nos rumo a um sentido à própria existência; ou para, simplesmente, usufruirmos o máximo de prazer que a vida pode prover, mesmo que ao tirar proveito desse método de comportamento, acarrete, no entanto, em desre
speito para a concepção de outrem.
A submissão e por conseqüência a subversão da mente, através da mídia e de outros meios usados como ferramentas de “força bruta psicológica” impondo modismos, mantém grande parte dos indivíduos numa mesma nau sem rumo, onde todos ficam entretidos com o balançar do movimento náutico, mesmo enjoando-se com a iminente ausência de propósito e significado, navegando em um mar de entorpec
entes irracionalizantes. Aquele que se revela propenso a comportar-se de forma contrária à estampada pelos meios de comunicação em massa entre outros veículos frutos da modernidade, se torna imediatamente um potencial marginalizado. Apresentando com isso, situações patéticas e caóticas que se incluem os casos em que pessoas são desprezadas pelo fato de não seguir um conceito propagado como relevante e pertinente, ao passo que me
smo visivelmente pode-se observar o caráter contraditório da idéia seguida.
A publicidade alcançou determinado nível de influência que, até o comportamento reativo a ela, como a “conduta alternativa”, foi assimilada por sua indústria, ou seja, o encarceramento da mente foi estabelecido de modo que se faz presente nos aspectos mais ingênuos e desprevenidos do convívio social.
Em determinada época, antes do processo desencadeado pela imprensa de tipos móveis de Gutenberg que possibilitou que o conhecimento chegasse progressivamente a todos aqueles que tinham interesse em perscrutá-lo, os indivíduos que obtinham a oportunidade de tomar contato com os saberes registrados e comportados em livros, tinham a oportunidade de utilizá-los de forma salutar e construtiva em suas vidas. Esses saberes foram, inclusive, instrumento de dominação, que davam fundamento aos princípios que instruíam e formavam as sociedades.
De modo a contrastar, hoje, a informação está ao alcance de todos. Não é mais se quer necessário a sensação de dúvida, aquela dificuldade de entendimento que nos motiva a procurar por informes. Atualmente, ele nos é imposto de todas as formas: transversalmente por diversos canais de transmissão. Na televisão ela surge de supetão freqüentemente; nas ruas, panfletos que muitas vezes apresentam sugestões descartáveis. Esse assalto se revela de tal maneira que, em oposição, fizemos dele um pr
oduto perecível de segunda categoria. Pois tão volumosa é sua propagação e, tão diversificado e mal administrado é a recepção por parte dos sujeitos, que passou a representar um instrumento de desinformação.
O indivíduo que se apresenta com a intenção de falar sobre esse tema deve fazê-lo independentemente dos resultados ou da ausência deles. Pois a cultura massificadora alastra-se em certos aspectos negativamente, reduzindo a capacidade humana de raciocínio, mantendo todos nas rédeas de quem tem mais interesse nessa
configuração.
Estamos condenados a essa forma de se fazer sociedade. Como solução a toda essa miscelânea confusa, o mais eficiente método para cada um que se sente ultrajado, seria o desenvolvimento de mecanismos e estratégias pr
óprias que filtrem os conteúdos da forma considerada mais adequada à suas necessidades pessoais. A fim de remanescer incólume e edificado a essa realidade que já começa a denotar seus primeiros efeitos colaterais: estes efeitos concentrados em indivíduos que já não conseguem distinguir o que é válido e ajustável.