sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Não Queremos Respostas Para Nossas Perguntas?!


No começo do ano passado postei dois poemas de Shakespeare com conteúdo erótico, numa comunidade do Orkut que tratava desse personagem essencial na história da humanidade. Insinuei que os teores desses versos tratavam de uma provável demonstração representativa de um amor masoquista, expressado por meio não só das palavras empregadas, como também da situação que a poesia tenta ilustrar.

De qualquer maneira, o post tomou um rumo adverso do inicialmente proposto, quando um dos participantes da comunidade decidiu comentar algo, com a intenção de fazer de seu entendimento a verdade definitiva.

Relembrando esse acontecimento, me veio uma lembrança de uma conversa antiga que tive num boteco desses por aí: Certa vez, estávamos falando, eu e uns colegas de universidade, sobre a fraude ideológica que vemos nesses raros e curtíssimos programas de debates na TV. Obviamente, que o intuito de levar conhecimento ‘imparcial’ á população através dessa espécie de discussão tem bastante relevância. No entanto, observando analiticamente os debatedores, geralmente nota-se que nos embates dialéticos, se é que se pode chamar de dialéticos, não há compromisso por parte dos debatedores em se chegar a uma verdade, ou a uma solução ao caso discutido.

É claro que se os programas de no máximo 1 hora se propusessem a chegar a resoluções definitivas, estariam no mínimo sendo prepotentes. Acontece que o motivo de ser desse debates televisivos é dar conteúdo básico pra população tomar um conhecimento mínimo sobre conjunturas relevantes do cenário nacional e internacional, e quem sabe, tornando-se supostamente mais esclarecidas, empreender alguma espécie de mudança racional e coerente pra nossa composição social.

Mas quase sempre, parece exagero, mas não é, o que se nota são intelectuais muito bem pagos, com egos super-inflados, que iniciam discussões por vezes irracionais, no sentido de levarem para o pessoal, na medida em que não estão mais preocupados com a busca de um resoluto, muito menos com o bom entendimento dos telespectadores.

Então, em cada caso desses, visíveis a quem tiver o interesse de comprovar, como também do post no Orkut inspirador dessa pequena reflexão, é revelado um traço cultural do brasileiro acadêmico, como também do brasileiro de modo geral: A pouca preocupação em buscar respostas, em buscar melhorias, e um total desequilíbrio em defender seus argumentos, confundindo contra-argumentos com pretensões minimizadoras.

Debates no Brasil, sempre correm o perigo de desembocar em meras disputas de egos.

Aqui está o link do fórum, para quem quiser conferir, onde houve a referida postagem dos poemas eróticos de Shakespeare:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=33581&tid=2586394563732534613